quinta-feira, 29 de março de 2012

A Equoterapia no ponto de vista Psicológico


Por: Thaís Rocha Brentegani
O cavalo hoje é grande destaque como instrumento de reabilitação e educação. Este se transforma em um personagem na vida da criança, do praticante, passando então a ser um ponto de contato sedutor com o mundo que o rodeia. A equoterapia não consiste apenas em exercícios de estimulação neuromuscular, visto tratar-se de um método terapêutico que envolve o ser humano por completo. Paciente e cavalo participam ativos dos exercícios. E a equipe formada por fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, pedagogos, instrutores de equitação, são fundamentais para conduzir e levar a bom termo a terapia ao longo do tempo.
Cabe ao psicólogo conhecer todos esses profissionais que estarão trabalhando juntos de forma interdisciplinar, como o cavalo, o praticante, e todo o material empregado nas técnicas e exercícios utilizados na equoterapia. Cabe a ele conhecer também o praticante, assim identificando suas limitações e potencialidades, além de conhecer muito bem o cavalo, suas características, para obter uma visão precisa das coisas possíveis dentro do tratamento. A interação de toda a equipe permite que cada um entenda a abordagem de seu colega, possibilitando assim um trabalho associado.
Toda a harmonia em equipe é muito importante, principal objetivo da atuação interdisciplinar. O psicólogo ajuda na desenvoltura da equipe, com reuniões também, para haver essa harmonia entre todos e obter um ótimo resultado no trabalho.
O cavalo, como objeto intermediador, é a ligação entre o praticante e o terapeuta, entre o praticante e o adulto, etc. Aquilo que o praticante não pode vivenciar, no contato com o cavalo ele irá aprender integrar-se e utilizar na sua estrutura, na sua evolução psicossomática, melhorando a sua autonomia, independência, auto-estima, auto-confiança, objetivos dos terapeutas para com seus praticantes. O cavalo é o ser da confiança e da troca afetiva e corporal; ele dá matéria à nossa busca de identidade. Ele permanece um ser que deve ser cativado e cuja dominação passa, através dele, pela auto- estima de si mesmo. Toda a evocação do cavalo, animal-símbolo, remete a noções culturais profundamente interiorizadas. Ele se torna o nosso outro eu, objeto de nossas projeções, uma resposta viva a nossos comportamentos. Vimos o cavalo como algo que gostaríamos que ele desse para nós ou depositamos nele nossas vontades.
A intensidade das sensações e das emoções provocadas pela abordagem do cavalo, conduzem o indivíduo a um confronto consigo mesmo, que é corporal e psico-afetivo ao mesmo tempo.
A nosso ver, o cavalo, fonte de emoções, é a própria essência do expressivo. E, através das vibrações corporais que o corpo registra, o cavaleiro vive uma experiência que remete diretamente à sua vivência interior, assim, desabrochando, criando e realizando seu próprio bem-estar, pelo viés do cavalo, este seu outro eu.
O psicólogo, trabalha o aqui-agora, o presente, sem ficar muito preocupado em achar um culpado para tal situação, claro que não iremos ignorar o passado e toda a história de vida do praticante, como também todo o histórico familiar.
Não só o psicólogo mas como toda a equipe deve sempre estar atentos quanto aos comportamentos que o praticante irá apresentar, pois este nos dá valiosas informações para podermos dar seqüência e andamento no tratamento, como também o que esperamos dele no futuro(estratégia).
O próprio ambiente da equoterapia irá propiciar ao praticante uma profunda comunhão entre praticante-ambiente, isto é, a natureza.
Na equoterapia, não se consegue separar as funções de cada terapeuta, pois todos trabalham em equipe e claro que todos precisam obter o conhecimento de todas as áreas, para se obter uma terapia adequada em todos os programas de equoterapia ( hipoterapia,educação/reeducação, pré-esportivo). E dentro da equoterapia, esta facilita a organização do esquema corporal, a aquisição do esquema espacial; desenvolve a estrutura temporal; aguça o raciocínio e o sentido de realidade; desperta uma profunda comunhão criança-realidade; proporciona e facilita a aprendizagem da leitura, da escrita, e do raciocínio matemático; aumenta a cooperação e a solidariedade; minimiza os distúrbios comportamentais; promove a auto-estima, a auto-imagem e a segurança, também facilita e acelera os processos de aprendizagem.
Todo o vínculo cavalo-cavaleiro, estabelecido desde as primeiras sessões desenvolve a afetividade, com isso obtendo-se um ganho geral de auto-confiança e auto-estima, sendo assim há um melhoramento nos outros aspectos como o senso de limite e responsabilidade, o relacionamento interpessoal e casos de timidez, retração, hoperatividade, doenças de humor e depressão, entre outras deficiências apresentam sensível progresso.
Os resultados obtidos na psicologia através da equoterapia se deve ao diferencial de utilizar o animal, o que permite trabalhar mais o afeto, autonomia do ir e vir. Toda a sensação de liberdade , de se locomover é fundamental, além disso há o ganho físico proporcionado pelo movimento do cavalo e além do ganho emocional.
A confiança obtida na equoterapia permite acelerar o processo de desenvolvimento de potencialidades, responsável pela integração social e pessoal do portador de deficiências ou dificuldades.
Toda a prática equestre favorece ainda uma sadia sociabilidade, uma vez que integra o praticante, o cavalo e os profissionais envolvidos.
O psicólogo poderá fazer orientações aos pais ou responsáveis pelo praticante, como reuniões, já que estes apresentam muitas dúvidas e expectativas sobre o trabalho.
A equoterapia contribui de forma prazerosa para a aplicação de exercícios de coordenação motora, agilidade, flexibilidade, ritmo, concentração e lateralidade. Desenvolve a sensibilidade física e psíquica, na medida em que exige a constante percepção e reação frente a diversos estímulos. Assim, resultando em maior harmonia e equilíbrio físico e psíquico.
Associação de Equoterapia Paulista, Jornal da Equoterapia. A abrangência da equoterapia e o papel do psicólogo no tratamento. São Paulo, junho de 2001.

D. Verrière - O cavalo revelador de um sentimento do corpo IN: Formação em Equoterapia, Fundação Rancho GG- Centro de treinamento, pesquisa e ensino de Equoterapia.

Freire, Heloisa Bruna Grubits. Equoterapia: teoria e técnica: uma experiência com crianças autistas. São Paulo: Vetor, 1999

IN: RIDE- Equoterapia: ciência, cavalo, reabilitação

IN: Horseonline-Equoterapia: a cura através do cavalo -Aprendizado lúdico através do cavalo

IN: Formação em Equoterapia pelo Fundação Rancho GG- Centro de treinamento, pesquisa e ensino de Equoterapia. Fundamentos doutrinários da Equoterapia no Brasil.

IN: Formação em Equoterapia pelo Fundação Rancho GG- Centro de treinamento, pesquisa e ensino de Equoterapia. 1. Relacionamento entre o praticante e o cavalo.

IN: Formação em Equoterapia pelo Fundação Rancho GG- Centro de treinamento, pesquisa e ensino de equoterapia. Equoterapia e educação especial. A intervenção equoterápica na educação especial através da abordagem psicomotora.

Por: Dr. José Torquato Severo, médico neurologista, mestre em educação, Cel Cav R1 Ex Brasileiro - Princípios psicomotores aplicados em equoterapia. Porto Alegre/RS, 2000. 


* Thaís Rocha Brentegani é psicóloga com formação em Equoterapia


Fonte: Equoterapia.com.br

terça-feira, 27 de março de 2012

Equoterapia no tratamento respiratório

 

A utilização de técnicas na desobstrução brônquica em pacientes com Disfunção Neuromotora na Equoterapia.
                                                                                  
                                                                             Mylena Medeiros  (Fisioterapêuta)

É consenso que a Equoterapia através do deslocamento tridimensional do centro gravitário do cavalo, ajustado ao do cavaleiro, propicia a este a estimulação de seus sistemas neuromotor, músculo-esquelético, sensorial, cardiorespiratório, disgestivo e paralelamente psicoemocional, porém para que todos estes benefícios sejam otimizados faz-se necessário a intervenção terapêutica de acordo com os objetivos específicos.
Os músculos respiratórios, como os outros músculos estriados esqueléticos, tem participação direta na atividade voluntária e em reações automáticas de alto grau de integração neurológica. São mantenedores da postura, equilibrando constantemente o tronco que é o centro do controle dos membros.
Durante a evolução normal os músculos respiratórios ganham comprimento e força de acordo com a vivência corporal do bebê. As posturas e movimentos experimentados até os dezoito meses, modificam a configuração do tórax, através dos alongamentos dos músculos inspiratórios e do fortalecimento dos expiratórios e reforçam a propriocepção diafragmática.
A evolução motora normal, equilibra tórax e abdômen, ajustando a capacidade residual funcional e mantendo um ponto de equilíbrio entre estas duas cavidades.A incapacidade para manter a qualidade da postura e dos movimentos reflete-se sobre o tronco alterando a harmonia da mecânica da expiração, modificando as pressões torácicas e abdominais.
A disfunção neuromotora é definida como distúrbio cerebral não progressivo que leva a uma incapacidade ou dificuldade em usar voluntariamente os músculos, podendo ou não ocorrer um atraso intelectual, com diferentes formas de apresentação clínica e de etiologia múltipla.
Os pacientes portadores de disfunção neuromotora em sua grande maioria apresentam ou apresentaram atrasos no desenvolvimento decorrentes de alterações no tônus e força muscular, nas reações de endireitamento e equilíbrio, assim como  presença de padrões de movimentos anormais, que desencadeiam distorções posturais contribuindo com o aparecimento dos distúrbios ventilatórios e conseqüentes afecções pulmonares.
O presente estudo visa apresentar técnicas fisioterapêuticas que tem por objetivo incentivar a ventilação pulmonar e promover a higiene brônquica através da reorganização torácica e conseqüente sinergismo muscular respiratório. As medidas terapêuticas para alcançar tal objetivo baseiam-se no alongamento e fortalecimento dos músculos respiratórios além da adequação tônica.
A primeira orientação para aplicação das técnicas baseia-se na observação do padrão postural que o paciente apresenta e conseqüente padrão respiratório.
            As técnicas não se constituem de manobras isoladas, mas de um manuseio dinâmico, orientado pela biomecânica respiratória normal, caracterizadas por: posicionamento biomecânico adequado, alongamentos passivos, apoios manuais e mobilizações( ginga).
A aplicação adequada das técnicas deve resultar em redução do esforço muscular ventilatório, remoção das secreções e diminuição das afecções respiratórias.

Posicionamento Biomecânico
O posicionamento adequado na postura sentada sobre o cavalo, desde de que atendendo os componentes de alinhamento do centro gravitário, pelve na postura neutra e retificação de tronco, facilitará uma melhor incursão respiratória favorecendo a ventilação pulmonar.

Alongamentos Passivos
Os alongamentos específicos a cada quadro clínico promoverão maior simetria torácica e sinergismo toraco-abdominal.

Apoios         
Os apoios abdominais e toraco-abdominais tem por objetivo e função estimular e fortalecer o músculo diafragma, melhorando a área de justaposição, aumentando o tônus e força dos músculos abdominais para que estes desempenhem com eficiência suas funções inspiratórias e expiratórias.

Ginga Torácica
A ginga torácica tem por objetivo promover a mobilização de secreções broncopulmonares, através da movimentação seletiva das costelas e da geração de melhor fluxo expiratório. É geralmente utilizada após o alongamento dos músculos inspiratórios, quando o retrocesso elástico da caixa torácica aumenta, tornando-a mais maleável e permitindo a aplicação de pressão sobre a parede torácica sem os efeitos de compressão dinâmica sobre as vias aéreas, o que contribuiria para o fechamento precoce destas. 

Amostra
O estudo utilizou-se de uma amostra que constou de cinco pacientes com disfunção neuromotora em diferentes idades, entre 03 e 09 anos, com distribuição topográfica do tipo quadriplégica, com variações quanto ao tônus.
Todos os pacientes mantiveram a freqüência de passo e cavalo inicialmente escolhidos para a patologia, estando todos na fase da hipoterapia, trabalho com carona do terapêuta.
Os pacientes em intervenção, foram observados durante o período de um ano, sendo o método aplicado somente quando estes apresentavam intercorrências pulmonares.
Durante os episódios de comprometimento respiratório foi observado na ausculta pulmonar de todos os pacientes; presença de ruídos adventícios e diminuição ventilatória. 
Utilizou-se da ausculta pulmonar e mensuração da freqüência respiratória como método de mensuração sendo estas realizadas antes e após o atendimento. 

Resultado
Ao final dos atendimentos, foi notória a melhora da ausculta pulmonar e freqüência respiratória em todos os pacientes.
Observou-se diminuição de 60% das intercorrências pulmonares durante o ano de atendimento, calculando a média dos últimos dois anos, em 4 dos 5 pacientes. 

Referências Bibliográficas:
1. Souchard, Philippe; O Diafragma – Ed. Summus, 1989
2. Pinheiro, Mariangela; Reequilíbrio Toracoabdominal – Atualização em Terapia Intensiva Pediátrica – Ed. Interlivros, 1996
3. Edwards R. H. T., Faulkner J.; Structure and function of the respiratory muscles: The thorax, part A, New York, Marcel Dekker, 1986
4. Umphred, Darcy Ann; Fisioterapia Neurológica – Ed. Manole, 1994

segunda-feira, 26 de março de 2012

Boa semana!


quarta-feira, 21 de março de 2012

Acompanhe!

Senado analisa um projeto que regulamenta a prática de equoterapia 

Fonte: Ande Brasil 

 
© 2012 - ARES - Associação de Reabilitação, Equoterapia e Saúde